15.7.04

Consulado de Londres Fecha Portas

Consulado de Londres Fecha Portas Depois de Novo Incidente
Por LUSA
Público - Quinta-feira, 15 de Julho de 2004

Foi a segunda tentativa de invasão. Cônsul receia despejo após queixas de vizinhos

Provocam distúrbios na rua, sujam o passeio e roubam o leite aos vizinhos. Estas são algumas das razões que levaram o responsável do consulado português em Londres a passar a atender apenas os utentes com marcação prévia. A gota de água deu-se na terça-feira, depois de a polícia ter sido chamada para conter mais uma tentativa de invasão das instalações. "Durante este mês, o consulado de Portugal em Londres atende apenas os utentes que tenham feito marcação prévia, excepto em situações de urgência ou em casos em que as pessoas se tenham deslocado de grandes distâncias", confirmou ontem José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP).

Segundo aquele governante, a exigência de marcação prévia (telefone, fax ou correio) deverá manter-se enquanto o cônsul a considerar necessária. O responsável pela pasta da emigração mostrou-se "preocupado" com os incidentes ocorridos terça-feira e destacou o esforço feito nos últimos tempos para dotar o posto consular de mais trabalhadores e de novas instalações para onde se mudou em Abril.

Na terça-feira a polícia foi chamada a intervir para dispersar mais de 200 pessoas que ameaçavam invadir as instalações e agredir os funcionários por não terem sido atendidas. As autoridades inglesas conseguiram evitar a invasão do consulado, mas levaram mais de três horas para acalmar os ânimos dos portugueses.

O consulado, que serve cerca de 300 mil portugueses e tem 27 funcionários, atende 120 pessoas por dia no horário das 9 horas às 13h30, excepto às quartas-feiras quando está encerrado. A vizinhança tem também manifestado o seu descontentamento com a permanência dos emigrantes portugueses por longas horas à porta do consulado, acusando-os de deixarem lixo e de roubarem o leite e os jornais entregues nas casas.

Um dos vizinhos alegadamente vítima destes assaltos moveu uma queixa judicial contra o Consulado e o cônsul João Bernardo Weinstein considerou, em entrevista ao "Diário de Notícias", que há uma hipótese "séria" de despejo.

José Cesário afirmou ter conhecimento das queixas da vizinhança, mas recusou comentar os receios do cônsul. O secretário de Estado disse ainda estarem em estudo novas alternativas de atendimento que poderão passar pela criação de uma estrutura em Manchester e mais um posto de atendimento na área da grande Londres, não adiantando contudo prazos para a abertura destas instalações.

No ano passado, as antigas instalações do consulado de Portugal em Londres, foram também palco de incidentes envolvendo os emigrantes que aguardavam na rua para ser atendidos e a polícia foi então chamada a intervir.